quinta-feira, 9 de junho de 2011

Lágrimas Ocultas - Florbela espanca

Se me ponho a cismar em outras eras
Em que ri e cantei, em que era q'rida
Parece-me que foi noutras esferas,
Parece-me que foi numa outra vida...

E a minha triste boca dolorida
Que dantes tinha o rir das primaveras,
Esbate as linhas graves e severas
E cai num abandono da esquecida!
 
E fico, pensativa, olhando o vago...
Tomo a brandura plácida dum lago
o meu rosto de monja de marfim...
 
E as lágrimas que choro, branca  e calma,
Ninguém as vê brotar dentro da alma!
Ninguém as vê cair dentro de mim! 
 

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